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Cuiabá 306 anos: da Rota do Peixe à baguncinha, uma festa de sabores e hospitalidade

Uma rota de peixe à beira-rio, um lanche “baguncinha” que virou patrimônio, e a acolhida calorosa do cuiabano. Nos 306 anos de Cuiabá, a culinária e a hospitalidade local dão o tom da festa.

08/04/2025 às 19h08
Por: Redação Fonte: REDAÇÃO PONTO MT
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Cuiabá 306 anos: da Rota do Peixe à baguncinha, uma festa de sabores e hospitalidade

Cuiabá chega aos 306 anos celebrando suas maiores riquezas: a culinária e a hospitalidade do seu povo. Não por acaso, em diversas enquetes e conversas populares, “povo acolhedor e boa comida” são sempre citados quando se fala da capital mato-grossense. Nesta matéria festiva, mergulhamos nos sabores típicos cuiabanos – dos peixes assados às famosas baguncinhas – e destacamos o calor humano que torna esta cidade única. Prepare-se para sentir os cheiros, sabores e a alegria contagiante de uma Cuiabá em festa.

Tradição à beira-rio: a Rota do Peixe em São Gonçalo

Na comunidade ribeirinha de São Gonçalo Beira-Rio, berço histórico de Cuiabá fundado no século XVIII às margens do Rio Cuiabá, acontece uma verdadeira romaria gastronômica. Conhecida como *Rota do Peixe*, a principal rua do bairro abriga mais de 20 peixarias tradicionais, muitas delas negócios familiares com décadas de história. Moradores e turistas se reúnem em um cenário bucólico para saborear iguarias regionais preparadas com peixe fresco, em espaços simples, acolhedores e cheios de personalidade.

Entre as especialidades estão a *mojica de pintado* e o *pacu assado*, além de pratos como ventrecha de pacu frita, paçoca de pilão e farofa de banana. A mojica de pintado – um ensopado espesso com peixe, mandioca e temperos – é preparada no fogão à lenha e servida com arroz branco e pirão. O pacu, por sua vez, é assado na brasa, aberto em borboleta, com a pele crocante e o interior suculento.

Todos os anos, a comunidade realiza a *Festa da Rota do Peixe*, um evento que movimenta a economia local e fortalece os laços comunitários. A tradição culinária da região, passada de geração em geração, é celebrada com música típica, feira de artesanato e competições gastronômicas que valorizam os sabores cuiabanos. Comer à beira do rio, em meio a quintais arborizados e rodeado de natureza, é uma experiência que une cultura, história e afeto.

Baguncinha: o lanche que virou patrimônio cultural

Se o peixe é o protagonista do dia, a *baguncinha* é a estrela das noites cuiabanas. O sanduíche, que ganhou fama nos trailers e lanchonetes da cidade, é uma verdadeira explosão de sabores: hambúrguer, salsicha, bacon, calabresa, presunto, queijo, ovo, alface, tomate e muito mais. Tudo isso empilhado entre pães macios e prensado na chapa quente.

O que diferencia a baguncinha não é apenas a combinação generosa de ingredientes, mas também um detalhe essencial: "a maionese temperada". Preparada artesanalmente com alho, cheiro-verde, pimenta e outros segredos de família, ela é responsável por dar um toque cremoso e picante irresistível ao lanche. Muitos consideram essa maionese o verdadeiro "molho da vitória" do baguncinha, e há quem diga que nenhuma receita fora de Cuiabá consegue reproduzir o sabor com perfeição.

Criado nos anos 1970, o lanche nasceu de maneira improvisada em um trailer do centro da cidade e logo se espalhou por todos os bairros. Hoje, é comum encontrar trailers iluminados até de madrugada nos bairros CPA, Pedra 90, Tijucal, Porto e até em cidades vizinhas. A baguncinha se tornou uma tradição popular tão forte que, em 2022, foi reconhecida por lei como *Patrimônio Cultural Imaterial de Cuiabá* – uma conquista para os vendedores de lanche e um símbolo de identidade para a população.

Mais do que um alimento, a baguncinha representa encontros, risadas e aquele programa simples e cheio de afeto que os cuiabanos tanto valorizam.

Calor humano: a hospitalidade cuiabana

A hospitalidade é uma das marcas mais notórias de Cuiabá. Desde a recepção calorosa em restaurantes familiares até os convites espontâneos para um café no quintal, o cuiabano tem o dom de fazer todo mundo se sentir em casa. A gentileza no atendimento, o sorriso fácil e a vontade de compartilhar o que se tem de melhor fazem parte do cotidiano.

Quem visita Cuiabá costuma se surpreender com a generosidade e o bom humor do povo. Mesmo em uma cidade que cresceu e se modernizou, o espírito de comunidade ainda pulsa forte. Em muitas casas, é comum deixar sempre “um pouco a mais” na panela, caso chegue visita. E geralmente chega.

A culinária é uma extensão desse acolhimento. Compartilhar uma receita, servir um prato típico, preparar uma bebida gelada para enfrentar o calor – tudo isso é gesto de carinho. A hospitalidade cuiabana não está apenas nas palavras, mas principalmente nas atitudes que tornam qualquer encontro mais leve e afetivo.

Celebração dos 306 anos de Cuiabá

Neste 8 de abril, Cuiabá sopra as velas de seus 306 anos com muito orgulho. Nas ruas do centro histórico, no bairro São Gonçalo Beira-Rio ou nos trailers de lanche dos bairros mais novos, a cidade pulsa vida, sabor e história. É uma capital que cresceu, mas manteve vivas as suas tradições, sua culinária rica e sua alma calorosa.

Mais do que números, Cuiabá celebra sua *identidade. Celebra um povo que soube preservar sua cultura e reinventá-la com alegria. Cada prato típico servido, cada baguncinha prensada na chapa e cada abraço dado nesta data carregam a essência de um lugar único. Como se costuma dizer por aqui, “Cuiabá não se explica, se sente”.

Parabéns, Cuiabá, pelos 306 anos de sabor, cultura e acolhimento! Que venham muitos mais – com farofa de banana, mojica na lenha, baguncinha na calçada e, claro, muita maionese temperada!

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